10 segredos para manter o cérebro jovem e activo
por Vasco Catarino Soares, neuropsicólogo
Durante a infância e a adolescência, o nosso cérebro é inundado por estímulos que o fazem desenvolver-se e tornar-se um órgão activo. Nestas idades, de forma natural, o ser humano procura participar em todo tipo de actividades e a sua curiosidade fá-lo buscar cada vez mais informação. E é de toda esta actividade que resulta um cérebro fortalecido e mais activo.
Todavia, na idade adulta somos levados a acreditar que tudo já está adquirido e conquistado, que o cérebro já está finalizado e que se vai manter sempre no mesmo estado. Muitos acreditam que a idade já não permite novas aprendizagens ou desenvolvimentos. Mas a ciência tem vindo a demonstrar que esta ideia é absolutamente enganadora. A falta de actividade faz com que o nosso cérebro vá perdendo a sua “boa forma”, do mesmo modo que a falta de exercício muscular leva a uma má forma física e, claro, esta “má forma” cerebral tem custos na nossa vida: os pequenos esquecimentos de nomes de pessoas, de acontecimentos, de locais onde estão objectos e documentos, as dificuldades de focar a atenção ou até de aprender novas tarefas simples, são precisamente consequências da falta de atividade cerebral.
A boa notícia é que é possível prevenir e ultrapassar esse “desgaste” e manter o seu cérebro jovem, activo e mais protegido das temidas demências. Não se esqueça: a sua qualidade de vida depende da saúde do seu cérebro. Afinal, é ele que comanda todo o corpo.
1- Exercite o seu cérebro
Exercitar o seu cérebro é o que de melhor pode fazer por si, pois vai produzir um aumento de células cerebrais nas funções exercitadas. Cerque-se de actividades cognitivas desafiantes, tais como encontar diferenças entre imagens ou objectos muito semelhantes, resolver pequenos problemas de cálculo mental rapidamente, fazer palavras cruzadas e sudoku. Se for mais exigente e quiser obter resultados mais apurados, procure um programa de treino cerebral estruturado, que promova as funções cognitivas de Atenção, Memória e Flexibilidade e Rapidez Mentais. Encontra-o precisamente no livro «Exercite o seu cérebro».
2- Leia em voz alta
Sempre que estiver a ler, faça-o em voz alta. Se tal for embaraçoso para si (porque alguém pode estar a ouvir) escolha o momento e o local onde o fazer. Durante esta actividade, o cérebro está mais activado do que quando lemos “para dentro”.
3- Tenha hábitos saudáveis de alimentação
Escolha alimentos que são nutritivos para o cérebro. De um modo geral, e salvo excepções por questões de saúde, os alimentos com ácidos gordos ómega 3 (salmão, sardinhas, atum…), com vitaminas e glutatião (bróculos), um anti-oxidante que protege as células cerebrais, os feijões (proteínas e minerais) e a fruta (vitaminas) são os alimentos que mais potencial têm para manter um cérebro jovem.
Para combater a acidez natural que a alimentação produz no organismo, deve garantir a ingestão de alimentos alcalinos (sobretudo vegetais) e de água alcalina (ph >7,0). Note que os meios ácidos (no organismo humano) são propensos ao desenvolvimento de bactérias, virus e fungos.
4 – Faça do bom sono uma prioridade
Durma sempre 7 a 8 horas por noite. Durante o sono, há células cerebrais que fazem uma limpeza do material tóxico que é produzido diariamente no cérebro.
5 - Faça exercício físico
O exercício físico estimula a produção de uma proteína (a BDNF) que promove o desenvolvimento de neurónios e a criação de mais ligações entre si (o que o cérebro precisa para alavancar funções). A corrida e as caminhadas são o tipo de exercício que mais contribui para este efeito.
6 – Escolha percursos diferentes
Se optar pela corrida ou caminhadas como exercício físico, vá mudando o local onde as pratica, e o mesmo se aplica aos seus percursos para o emprego. Se mudar de cenário, poderá ir observando as características das diferentes paisagens até as dominar e as tornar familiares, e assim estará a estimular o seu cérebro. Repare que era isto que os homens nómadas faziam, conseguindo assim galopar na evolução.
7- Reflicta sobre o óbvio e automático
Habitue-se a ir reflectindo sobre o que faz e porque o faz de determinada forma. Isto promove o que se chama metacognição, ou seja a análise, realizada pelo próprio, sobre o seu estado emocional e modo de agir. Permite-nos desenvolver a capacidade de controlo emocional pelo conhecimento adquirido sobre nós próprios e, em última análise, modificar comportamentos e reacções emocionais.
8- Invista em novas actividades
Dedique-se a novas actividades de tempos a tempos, para evitar a estagnação. Se estiver a fazer sempre as mesmas coisas, está a automatizá-las e a não activar as redes cognitivas que procuram soluções (os processos automáticos estimulam menos neurónios). Para desafiar o intelecto, pode fazer um desporto, aprender a tocar um instrumento musical, jogar às cartas, xadrez ou damas, por exemplo.
9- Não fuja do difícil
Não fuja das tarefas que tem dificuldade em realizar pois, para encontrar uma solução e as conseguir realizar convenientemente, vai criar novas redes cerebrais. Se recorrer a uma solução de «desenrasque» que não seja a ideal, vai consolidar redes neuronais correspondentes a essa solução de atalho e recorrer sempre a essa mesma resposta, que não é a ideal. A isto damos o nome de aprendizagem negativa. Prefira aprendizagens positivas, e supere-se encontrando novas soluções!
10 – Socialize
Socialize e mantenha conversações com diferentes pessoas, com as mais diversas profissões e que se interessem por assuntos e actividades diferentes. A interação é um excelente estímulo para o cérebro! Desta diversidade e do hábito que adquirir vai ver que resulta uma maior abertura e flexibilidade. Vai também observar que de diferentes vidas e modos de lidar com os problemas também resultam boas soluções. E o seu cérebro vai beneficiar mais do que imagina.
Vasco Catarino Soares é psicólogo e neuropsicólogo. É o autor do livro “Exercite o seu Cérebro” (Manuscrito).
Saiba mais em: www.presenca.pt/livro/exercite-o-seu-cerebro
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