O meu nome é Branquinha, sou uma boxer albina (daí o alvo nome) tenho um olho azul e outro castanho o que me dá um certo charme. Nasci em Espanha e vim para Portugal trazida por um parzinho de recém-casados que se deixou enredar por aquela bolinha de pelo que era eu com 3 meses. Encantaram-se com o meu focinho encantador mas torceram o nariz quando a bolinha se começou a desenrolar e a meter o focinho onde eles não tinham chamado. E fecharam-se e fecharam-me na varanda, onde eu via os carros e os dias a passar, à espera que aquilo lhes passasse. Mas não passou. Eles é que se passaram. Foi como num sonho que entrei na vida duma loira que tinha sonhado que precisava de uma cadela branca que precisava dela. O nosso encontro foi para sempre. Ela vestida de branco como eu, a olhar para mim a sorrir, num jardim que me sorria e eu a correr, a correr à solta, a soltar-me dos outros que nem presa me queriam.
Eu e a minha dona perdemo-nos de amores quando nos encontrámos e vivemos sempre juntas, mesmo quando estávamos separadas. Como agora… Os meus dias na terra acabaram e estou no Céu. Deitada À porta do tempo, feliz porque estou à espera da minha dona.
Aqui encontrei muitos fiéis amigos de “amigos” infiéis, que em vez duma vida de festa lhes deram uma vida de cão. Somos aos milhares, os que foram ignorados por donos ignorantes, presos sem terem culpas, maltratados por quem os devia bem tratar. “Esses donos é que são uns animais!” Diria a minha dona, que diz tudo o que pensa sem pensar e não deixa nada por dizer.
Descobri aqui no Céu, que existe uma salvação na terra. A UZ. É uma instituição que já recuperou e encaminhou para adoção muitas Branquinhas como eu, que teriam tido uma vida negra sem a ajuda da UZ. Todos merecemos respeito, alimento, cuidados de saúde e claro um amor correspondido e correspondente aos que temos para dar. Há muitos de nós, demasiados a sofrer, que continuam a lutar para manter a alegria e é uma alegria saber que a L…UZ está lá sempre para os guiar.
Nós que já partimos, garantimos muitas festas às amigas e amigos da UZ, quando os formos receber à porta do Céu. “Mas isso agora não interessa nada” como diria a minha dona.
TERESA GUILHERME