Filha de peixe tinha de saber nadar

Ontem quando estava a passar na rua, uma senhora muito simpática abordou-me com um abraço apertado. De sorriso nos lábios disse-me: a Teresinha é uma grande artista. Mas tem a quem sair. A sua mãe, Lídia Ribeiro, é um espectáculo.
Agradeci toda a simpatia daquele elogio que foi tão sincero e verdadeiro que me comoveu.
De facto, a minha mãe é uma artista. Uma grande artista.

É impossível esquecer quando era pequena e a acompanhava nos espectáculos que ela dava. Lembro-me como se fosse hoje, de estar nos bastidores e vê-la entrar em palco.

Eu pequena, reparava maravilhada como ela ficava enorme quando começava a cantar. A maneira como conquistava a plateia, que em silêncio não tirava os olhos dela e se rendia ao talento como dizia cada palavra, como interpretava cada fado.

E no fim ainda hoje oiço os infindáveis aplausos e bravos. Inesquecíveis.

Ainda o ano passado no aniversário dela fomos a uma casa de fados jantar. Encontrámos imensos amigos e colegas da minha mãe. Como é costume pediram-lhe para cantar e ela, que acha que já perdeu o jeito, não acedeu aos pedidos. Até que no fim da noite lá a convenceram.

Ela levantou-se, fechou os olhos, as guitarras deram os primeiros acordes e a magia aconteceu outra vez. Lá estava ela de novo, enorme, a conquistar todos palavra a palavra. Nota a nota.

Quem é artista de verdade é para sempre. E a minha mãe, desculpem-me o desabafo e a vaidade, é que é uma grande artista.

Filha de peixe tinha de saber nadar - a minha mãe, Lídia Ribeiro

Filha de peixe tinha de saber nadar - a minha mãe, Lídia Ribeiro

 

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